ELOAH BORDA (Brasil)




P e r f i l
Eloah Borda

- Sou meus versos,
minha música, 
meus sonhos... 

Sou minhas esperanças
e minhas frustrações... 
Sou minhas saudades, 
e minhas lembranças... 

Sou realidade... Sou fantasia... 
Sou pranto... Sou alegria... 
Fracassos... Realizações... 

Sou razão e coração, 
maturidade e adolescência; 
sou bom senso e sou paixão;
equilíbrio, insensatez,
e, as vezes, também criança!

Sou transformação constante, 
sou caminho, sou procura, 
sou ânsia de conhecer, 
de  saber cada vez mais
pra ver se um dia descubro
quem, realmente, sou eu.


*Origens*
Eloah Borda

Em minhas células trago átomos de estrelas,
em minha alma, a vastidão dos céus,
e no meu peito um coração que pulsa 
em consonância com o universo,
feito os pulsares nos confins do cosmo.

Sonho galáxias, quasares, nebulosas,
como se foram meu distante lar
- e olho saudosa os céus, buscando origens...

Quem sabe um dia, ao se cumprir meu prazo
de existência neste tempo-espaço,
em energia, transformada em átomos,
retorne, enfim, ao TODO a que pertenço, 
- talvez à própria estrela de onde vim.


Poeta no Cardiologista
Eloah Borda 

Meu coração, doutor, não sei por quê, 
anda, faz tempos já, descompassado
- ora dispara qual potro indomado,
ora parece até querer parar...

Eu sei, doutor que ele, emocionalmente,
instável sempre foi, rebelde, inquieto,
mas o que sinto agora é diferente,
e não é um mal de amor, tenho certeza
- males de amor eu muito bem conheço
e já com eles sei como lidar.

Por isso o estou deixando aos seus cuidados,
para que o possa então examinar,
buscando as causas deste desconforto,
e uma maneira de o minimizar,
porque tal descompasso já me inquieta.

Mas lhe peço, doutor, tenha cuidado
com este tão forte-frágil coração
(mesmo que não consiga compreendê-lo,
em toda a sua subjetividade)
trate-o com paciência, com desvelo,
pois não é só uma bomba muscular
a impulsionar o sangue por meu corpo
- ele é um sensível coração de poeta,
fonte de amor, de sonho e inspiração...


P o e t a 
Eloah Borda

Poeta
é um ser-coração,
que pulsa na cadência
de seus próprios versos,
qual harpa eólia a vibrar,
ao perpassar de brisas
ou de vendavais,
no compasso ou descompasso
de seus contraditórios sentimentos...

É solidão, é multiplicidade,
é inconstância, é persistência
é fortaleza, é fragilidade...

É sensibilidade pura,
é emoção,
constantemente,
à flor da pele...

É alma inquieta, insatisfeita,
sempre à procura do verso perfeito
ou daquele amor idealizado
feito de sonhos
e de fantasia...

É alternância,
sempre a oscilar,
na gangorra de suas emoções,
ora alçando-se ao paraíso,
ao prazer supremo
das grandes paixões,
ora descendo ao inferno
de suas frustrações
e desencantos...

É um mágico e um louco,
que pode, sem ter asas,
voar ao infinito,
banhar-se de luar,
conversar com as estrelas,
e se dizer capaz de entendê-las...

É um criador
de beleza e de harmonia,
um ser capaz de tudo transformar
em poesia...


            Esperanças
            Eloah Borda

         Vestidas de ilusão
         bailam as esperanças 
         pelos salões do tempo...

         E o tempo passa
         transformando-as em saudades
         vestidas de solidão...


                                Viagem
                                  Eloah Borda

                              Velas ao vento
                              meus sentimentos 
                              fazem-se ao mar!

                              Mar fantasia,
                              vida poesia
                              - eu, preamar!


Coração Distraído
Eloah Borda

Meu coração, distraído,
tropeçou numa ilusão,
caiu em um mar de sonhos,
encharcou-se de esperanças,
perdeu pé da realidade,
mergulhou na fantasia
e afundou numa paixão
- que era canto de sereia
belo castelo de areia, 
que a onda veio e levou...

E hoje qual navio-fantasma,
sem leme, sem direção,
envolto no nevoeiro 
da total abstração, 
carregado de descrença
desencanto, solidão,
pelo mar da indiferença,
à-toa, ao sabor do vento
vagueia este coração...


“Homo homini lupus” *
Eloah Borda

A dignidade, a honradez, á ética,
jazem  agonizantes,  soterradas
sob a imensa pilha da ganância, 
do lucro fácil, da justiça falha;
da fome, da miséria, da ignorância;
da inoperância governamental,
da banalização de nossas vidas...

Perdem-se escrúpulos pelos caminhos,
(ou descaminhos) da modernidade
- nos meandros obscuros do poder,
ou em busca do prazer a qualquer preço
no sexo, na droga, no sucesso,
ou na obtenção de bens materiais
- geralmente supérfluos - sendo impostos,
por uma mídia massificadora,
a quem nem mais vontade própria tem...

E os valores morais, vão, claudicantes, 
sendo arrastados pela turba insana,
que busca apenas a sobrevivência
em meio ao caos das grandes capitais.

E dessa sociedade apodrecida,
o ser humano desumano é o fruto,
e o homem predador do próprio homem...

* Citação de Tito Mácio Plauto (Asinária, II, 4, 88) 


Tempestade de Verão
Eloah Borda

E sobre a tarde desce um véu cinzento
- nuvens se adensam, prenhes de tormenta -
mini remoinhos, filhotes de vento,
brincam de rodopiar pela calçada...

Há uma calma irreal, morna, pesada, 
já prenunciando a tempestade... O vento,
de repente se faz forte, violento,
e o céu desaba num fragor de raios,
trovões, chuva, granizo, ventania!

O que era calma, agora se faz fúria,
e o que já era cinzento, escuridão,
foi-se a energia elétrica, e eu mal vejo
à luz intermitente dos relâmpagos,
a folha de papel na qual  escrevo.

Decido: escreverei à luz de velas,
pois não vou permitir que essa tormenta,
que já apagou, na tarde, a luz do dia
- e agora apaga a luz artificial -
também apague a minha poesia...

Mas em seguida tudo passa, e o vento,
agora ameno, tange céus afora,
restos de nuvens, paridas, vazias,
por entre as quais vazam raios de sol
- um sol que já se vai rumo ao poente,
tingindo de dourado o fim da tarde,
com toques de vermelho no horizonte
-  o que era fúria, se faz calmaria,
 o que era escuridão, volta a ser dia. 

Gotas ainda pingam dos beirais,
no ar há um cheiro de terra molhada,
e espanejando-se nas poças d’água,
estão a refrescar-se alguns pardais.

E tudo agora é paz...

Fico a pensar, então, que bom seria,
nossas tormentas fossem passageiras
como essas tempestades de verão...

Mas tem o coração seu próprio tempo,
e estou ainda a esperar... Quem sabe, 
um dia, o vento bom do esquecimento,
venha varrer meu céu, levando enfim,
todos os restos dos meus temporais...

... e o sol volte a brilhar no meu jardim,
e cantem pássaros nos meus beirais... 


                    (Eloah Borda – D.A.Reservados)




                        
Ambivalências
Eloah Borda

Há uma parte de mim que é fantasia,
é sonho, é devaneio, é inspiração!
Mas há uma outra - no meu dia-a-dia -
que é prática, é centrada, é pé no chão.

Há também uma parte que é alegria,
é lúdica, infantil - é extroversão!
Mas há uma outra que é melancolia,
é isolamento, é fuga, é introspecção.

E há uma parte que é frágil, é carente,
vive a pedir amor, colo, carinho
- e outra que é fria e autossuficiente...

Mas é esse todo, sempre em mutação, 
que faz fecunda a minha inspiração, 
e espalha versos pelo meu caminho!


Porque Te Amei Demais!...
Eloah Borda

Ah, esta dor, que dói de um tanto que nem sei,
tem o teu nome, a tua voz, a tua imagem
que me arrebatam e me lançam na voragem
dos sentimentos e ilusões que acalentei...

Ah, esta dor, que dói de um tanto que nem sei,
qual vendaval, que tudo arrasa em sua passagem, 
deixou-me assim, vazia e só – foste miragem 
- tão só miragem num sonhar que acreditei. 

Plena de amor, doei-me a ti (te amei demais!) 
- te fiz meu céu, meu sol, a minha própria vida,
mas tudo foi tão só um sonho, nada mais...

E ora entre escombros, me pergunto, o que farei
co’este doído coração, co’a alma, ferida,
com esta dor, que dói de um tanto que nem sei?!...


A Noite e Eu
Eloah Borda

O céu anoiteceu triste como eu,
sem lua, sem estrelas resplendentes,
as nuvens, vertem lágrimas dolentes,
e o vento, lá na rua, emudeceu.

Meu coração também anoiteceu
minha alma verte lágrimas silentes,
das nuvens de saudades, inclementes,
do meu céu interior, que escureceu.

E ouvindo a chuva mansa a rumorar
- monótona, nostálgica, constante,
me identifico com esta noite triste

- a noite e eu, irmãs na nostalgia,
ambas ansiando ver, em novo dia,
em nossos céus, de novo o sol brilhar.


O Voo de Ícaro...
Eloah Borda

Num aparente céu azul de brigadeiro,
abrindo, incauto, as suas asas de ilusão
em voo cego lá se foi meu coração
talvez alçando o seu voo derradeiro...

Planou no azul  da fantasia, e inconsequente,
sonhou estrelas, de esperanças embriagado,
 acreditando que um sonho do passado
pudesse ter continuidade no presente. 

E tal qual Ícaro, este tolo coração,
perdeu suas asas de ilusão lá nas alturas,
e despencou num mar de realidades duras,
onde pra quem ousa sonhar não há perdão...

... e agora paga o alto preço da ousadia,
de ter dado asas à sua louca fantasia!...


Nas Asas da Poesia
Eloah Borda

No vazio dos meus sonhos, tua ausência,
no mais fundo de minha alma, a solidão,
no caminho dos meus passos, a inclemência,
dos espinhos que persistem no meu chão... 

No refúgio dos meus versos, transcendência,
transmudando em canto a dor, sublimação
- refrigério para os medos e carências
deste meu já tão cansado coração. 

E nas asas da poesia eu sigo em frente 
(já não há, mesmo, caminho pra voltar),
neste voo outonal rumo ao poente -

voo cego, em que sem medo, e só, eu vou, 
porque sei, nada haverá de me magoar,
mais que a tua indiferença já magoou...


Espelho Meu
Eloah Borda

Por que, espelho meu, quando procuro,
em ti, na minha imagem refletida,
aquele meu olhar cheio de vida,
tu me devolves esse olhar tão duro?

Por que, espelho meu, quando preciso
ver meu sorrir feliz, descontraído,
tu só me mostras esse ar sofrido,
que é mais esgar, trejeito, que sorriso?

Se estás comigo há tanto tempo, e tanto
já o meu alegre rosto refletiste,
por que me mostras esse rosto triste
marcado pelo tempo e o desencanto?

Me diz espelho meu, se essa sou eu,
onde escondeste o rosto que foi meu?!


Caixas do Passado
Eloah Borda

Talvez num surto de melancolia,
eu resolvi rever os meus guardados
e pus-me a abrir as caixas do passado,
onde guardei meus sonhos e alegrias.

Cartas de amor... cartões... fotografias...
recortes de jornal, já amarelados
(momentos meus, no tempo congelados),
lembranças do que fui, e tive, um dia...

Lembranças, nada mais (pra que revê-las?),
são como o brilho de uma extinta estrela
- uma ilusão, sabendo à despedida...

Estranha sensação, ver tanta vida
assim, tão morta já, fria, silente,
ao alcance das mãos, e tão distante!


Aos Trancos e Barrancos
Eloah Borda

Meu coração é um louco, inconsequente,
não tem noção de tempo nem de idade,
- se apaixona com tal intensidade,
como se fora ainda adolescente!

Minha razão, coitada, certamente,
de tudo faz pra impor sua vontade.
Que vão intento! Controlar, quem há de,
as emoções de um coração ardente?!

Se a razão diz: - Já tens cabelos brancos!
Já o coração me grita a cada pulso:
- A natureza para amar me fez!

E assim eu vou, aos trancos e barrancos,
a debater-me entre o bom senso insulso,
e a deliciosa e louca insensatez!


Meu Segredo
Eloah Borda

Quisera dar-te amado meu, todo este amor,
que trago em mim, não sei se flor ou se punhal,
só sei que te amo, pra meu bem ou pra meu mal
e a esse amor me entrego inteira e sem temor.

Se estou a sofrer? Sim, eu estou – bendita dor
que me faz plena, me faz viva, passional
- que importa o espinho pra quem tem um roseiral - 
se me completo, e me refaço  nesse amor?

O meu espinho?... A minha dor?... É o meu segredo,
que anseio tanto confessar, mas tenho medo,
que isso transforme em dor maior a inspiração;

que tu rejeites meu amor, e o belo sonho,
que vive e pulsa, nos poemas que componho,
se desvaneça dentro do meu coração.


Insânia
Eloah Borda

Insânia minha acreditar que poderia
lá de um passado, tão distante, resgatar,
parte de mim, que um dia lá deixei ficar,
naquele amor de juventude... fantasia...

Insânia minha acreditar que poderia
no coração de quem amei, ainda restar 
um bem-querer adormecido, e ao relembrar,  
a chama desse antigo amor, reviveria!...

Ah, ledo engano!... Ilusão, insensatez...
Na vida real, as fantasias não têm vez,
e o que no tempo se perdeu, não volta mais.

Insânia minha, ousar sonhar com o impossível,
acreditar poder tocar o intangível
- o coração de quem nem reconheço mais...


Monotonia
Eloah Borda

Os dias passam... lentos... sempre iguais...
nem bons, nem maus. – iguais - monotonia...
a mesma espera, inútil e vazia
- e por que ainda espero, nem sei mais...

Talvez, o rebrotar da poesia,
em meu gretado chão de desencantos,
pra que eu transforme, em versos, meus quebrantos,
podendo, assim, sair desta apatia... 

E que, outra vez, a vida me sorria, 
me encante a chuva e o sol de cada dia,
e voltem pássaros aos meus beirais;

e que este nada que me dói no peito,
ceda lugar a um coração refeito,
e que a tristeza não me encontre mais...


Só Pra Falar Um Pouco de Saudade...
Eloah Borda

Só pra falar um pouco de saudade,
te escrevo, meu amor, mais um poema
- desculpa se repiso o mesmo tema,
é que já não domino esta ansiedade!

O teu silêncio é um nada que me invade,
e que me faz refém de longa espera
e habita em tua ausência, que é tapera,
onde vagueia, triste, esta saudade...

Saudade que aconchego no meu peito,
mas, que às vezes, se expande de tal jeito,
que já nem cabe mais dentro de mim;

e para extravasá-la eu fico assim, 
a repetir-me, a repisar o tema,
compondo para ti mais um poema.


Caminhando Só
Eloah Borda

Pelas calçadas, caminhando só,
vejo passar, por mim, a multidão:
são tantos rostos, tantos, que se vão!...
- E eu continuo caminhando só.

Quantas histórias em um dia só,
no anonimato dessa multidão,
pelas calçadas passam, e se vão,
enquanto eu vou caminhando só!...

E para esses rostos que se vão,
eu hei de ser, também, um rosto só,
um rosto a mais em meio à multidão.

Só mais um rosto, amor, um rosto só,
a procurar o teu na multidão,
em meio à qual vou caminhando só...


Vem
Eloah Borda

Dá-me tuas mãos... assim... vem, por favor,
deixa que eu te aconchegue no meu peito,
esquece os teus problemas, neste leito,
entre nos dois somente cabe o amor...

O que te aflige, seja lá o que for,
deixa pra lá... Amanhã dá-se um jeito...
Olha a janela... Esse luar foi feito
pra iluminar uma noite de amor! 

Vem, meu querido... Este quarto agora,
é o nosso mundo e nada mais importa,
além de nós e esse luar lá fora!

Vem... eu sou tua... toma-me em teus braços
- esquece o mundo além daquela porta,
e acalma, no meu corpo, os teus cansaços.


Soneto à Lua
Eloah Borda

Plácida lua que na imensidão
do céu passeias, linda, resplendente,
nem ouves deste pobre coração,
tão solitário, o suspirar plangente.

Ah, se soubesses, lua, a solidão
que há neste peito meu, de amor carente,
talvez por mim tivesses compaixão,
não te mostrando, assim, indiferente.

Ao ver-te tão sem dó, distante e fria,
lembro de mim, num tempo de loucura,
de quando era feliz e nem sabia.

Agora eu choro o amor que foi tão meu
- e a dor, ainda maior, que me tortura,
é saber que quem disse adeus, fui eu...


Parto Sem Dor - de um soneto...
Eloah Borda

Eu não escrevo versos rebuscados,
ou exageradamente  metafóricos
- prefiro os simples, densos ou eufóricos,
com alma e coração escancarados!...

Com sentimentos fortes, palpitantes.
do útero d’alma vindos, e paridos
ao natural, ou a fórceps, trazidos
à luz do poema, vivos e pulsantes! 

Que sejam versos quentes de paixão,
suaves, ternos,  ao falar de amor,
que gritem alto a alegria ou a dor,
e vertam lágrimas de solidão...

...e agora, ao terminar este quarteto,
sem dor, eu trago à luz mais um soneto...


Eu Ando Triste...
Eloah Borda

Eu ando triste, mas que importa ao mundo,
minhas desilusões, meu desencanto
a solidão, o desamor, o pranto,
tudo  o que sinto no meu mais profundo?!...

Eu ando triste, mas que importa ao mundo?!
- Mesmo que o meu sentir transforme em canto
tecendo em versos este meu quebranto
hei de lenir a dor em que me inundo...

Se tu, que és causa do meu desalento,
finges nem perceber meu sofrimento
quem mais, pergunto eu, se importaria?!

Por certo pensarão: é só poesia, 
apenas dores  que os poetas mentem
inventando sentires que não sentem...


Deliberação
Eloah Borda

Eu quero vida, eu quero sol, paz e harmonia;
eu quero flores, quero risos, quero cores,
porque é assim que eu sou – chega de desamores -
já me cansei desse tom gris nostalgia!

Quero cantar o amor, o sonho, a fantasia,
e com meu canto exorcizar mágoas e dores,
feliz voar, alçar-me aos céus dos sonhadores,
nas asas mágicas de minha poesia!

E tão somente ser feliz! Sorrir pra vida!
E amar de novo, só se for correspondida, 
por quem comprove o meu afeto merecer...

Que me magoem, nunca mais permitirei,
e a um outro alguém, não mais eu condicionarei,
meu bem estar, minha alegria de viver!


Realidade 
Eloah Borda

A realidade é cada vez mais triste,
é mais cruel, mais dura - e tão injusta,
que encará-la de frente nos assusta,
e alguns  fingem não ver o mal que existe.

E não é covardia ou alienação,
mas a certeza da própria impotência,
diante da impunidade e da violência,
de um mundo eivado pela corrupção

- onde o dinheiro é o deus da atualidade,
que do poder se fez grande aliado
e juntos compram, nesse vil mercado,
a honra, a justiça, a fé, a dignidade...

... e nesse vil contexto, só importamos,
pelos votos e lucros que geramos....


O Riacho
Eloah Borda

Rumorando feliz, entre a verde folhagem,
ziguezagueando vai, o alegre riachinho,
a refletir o céu, com suas nuvens de arminho,
o dourado do sol e o verdor da ramagem.

Mas nem tudo é beleza em sua longa viagem,
da nascente ao chegar ao final do caminho,
pra no rio desaguar -  pois o efeito daninho, 
da humana insensatez, encontra em sua passagem:

- a contaminação por lixo, pesticidas,
e substâncias letais para o ciclo da vida,
a se desenvolver apenas no seu orto;

porque, pelo caminho, a vida vai-se embora,
e do ledo riachinho, então, só resta agora,
tristonho, a se arrastar, um riacho quase morto...


                          (Eloah Borda-D.A.Reservados)


4 comentários:

  1. Parabéns, amiga querida.
    Fico feliz com suas conquistas.
    Beijo.

    PAT

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    1. Obrigada, querida, pela visita e carinho, agora somos vizinhas aqui também - risos. Já deixei recadinho aqui pra ti. Obrigada pela visita.
      Beijos.

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  2. Os versos de Eloah Borda exalam um cheiro de primavera, de outono, de mar, de chuva...
    Os versos de Eloah adornam sentimentos e empurram as tempestades.
    Muito prazeiroso ler Eloah Borda.
    Parabéns, Eloah, sua sala inspira Vida!
    Abraços,
    Raquel Nonatto

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    1. Obrigada, Raquel Nonatto, perdoa tão tardia resposta, é que estive muito tempo afastada.

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