* NÍSIA FLORESTA (Brasil)






“Que personagens singulares! (...) Exigir uma servidão a que eles mesmos não têm coragem de se submeter, (...) e querer que lhe sirvamos de ludibrio, nós, a quem eles são obrigados a fazer a corte e atrair em seus laços com as submissões as mais humilhantes.” 


(Em “Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens”, 1832)


“Flutuando como barco sem rumo ao sabor do vento neste mar borrascoso que se chama mundo, a mulher foi até aqui conduzida segundo o egoísmo, o interesse pessoal, predominante nos homens de todas as nações.” 


(Em “Passeio ao Jardim de Luxemburgo”, 1857)


“A escravidão (...) foi sancionada pelos mesmos homens, que tudo haviam sabido sacrificar para libertar-se do jugo de seus opressores, e assumirem a categoria de nação livre! Eles, que acabavam de conquistar a liberdade, não coravam de rodear-se de escravos!”

(Em “Páginas de uma Vida Obscura”, 1855)



“Certamente Deus criou as mulheres para um melhor fim, que para trabalhar em vão toda sua vida.”


(Em “Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens”, 1832)


“As dores morais do negro passam despercebidas nas habitações do branco.” 


(Em “Páginas de uma Vida Obscura”, 1855)

“Todos os brasileiros, qualquer que tenha sido o lugar de seu nascimento, têm iguais direitos à fruição dos bens distribuídos pelo seu governo, assim como à consideração e ao interesse de seus concidadãos.” 


(Em “Opúsculo Humanitário”, 1853)

“Nosso olhar estava preso ao horizonte; (...) e o pensamento (...) estabelecia entre o Brasil e Heidelberg uma comunicação de idéias, de amor e de esperanças que emprestavam encanto a todas as belezas melancólicas ou luminosas que nos tocavam (...)” 


(Em “Itinerário de uma Viagem à Alemanha”, 1857)

“Se este sexo altivo quer fazer-nos acreditar que tem sobre nós um direito natural de superioridade, por que não nos prova o privilégio, que para isso recebeu da Natureza, servindo-se de sua razão para se convencerem?”


(Em “Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens”, 1832)


“Ei-lo este filho predileto da natureza, este Éden do presente (...) Ei-lo assentado entre diamantes e ouro, (...) e recebendo a homenagem do Atlântico, que vai deitar a seus pés o engenho de muitos e variados povos, em troca de suas raras e preciosas 
produções, e de sua liberalidade.” 


(Em “O Brasil”, 1859)

“A esperança de que, nas gerações futuras do Brasil, ela [a mulher] assumirá a posição que lhe compete nos pode somente consolar de sua sorte presente.”

(Em “Opúsculo Humanitário”, 1853)



“Se cada homem (...) fosse obrigado a declarar o que sente a respeito de nosso sexo, encontraríamos todos de acordo em dizer que nós nascemos para seu uso, (...) reger uma casa, servir, obedecer e aprazer aos nossos amos, isto é, a eles homens.” 


(Em “Direitos das Mulheres e Injustiça dos Homens”, 1832.)





IMPROVISO
Nísia Floresta
(ao distinto literato e grande poeta,
Antônio Feliciano de Castilho)
( ... )

Vate sublime, que os primeiros sonhos
Da juventude minha hás embalado,
Quando às margens do fresco Beberibe
Os teus primores d’arte eu decorava
Às ilusões entregue dessa idade,
Em que os risos de amor tanto seduzem!
Tu nos deixas enfim! e as plagas nossas
Ao verem-te sair gemem saudosas;
Gemem os corações dos brasileiros,
Que como meu reter-te não puderam
Nesta terra que ufana te incensara
Se o gênio aqui tivesse um templo seu!
Inclina triste a fronte, ó pãor-de-açúcar,
Ao poeta que passa! ao gênio deve
A matéria imponente assim curvar-se.
Embalde indiferente ela se ostente,
A grande inteligência, que mar afora
Lá se vai!...nos corações nossos deixando
Da pungente saudade a dor acerba!


(...)

A LÁGRIMA DE UM CAETÉ
Nísia Floresta
(poema completo: 712 versos) 

(...) página 2

Lá, quando no ocidente o sol havia
Seus raios mergulhado, e a noite triste
Denso-ébanico véu já começava
Vagarosa a estender por sobre a terra;
Pelas margens do fresco Beberibe,
Em seus mais melancólicos lugares,
Azados para a dor de quem se apraz
Sobre a dor meditar que a pátria enluta!
Vagava solitário um vulto de homem,
De quando em quando ao céu levando os olhos,
Sobre a terra depois triste os volvendo...

(...)

(...) página 18
Não chores, ó Caeté, o amigo teu:
Que caiu, não morreu, porque o bravo
Constante defensor da pátria sua,
Para a pátria não morre.

(...)

(...) página 21

O bravo selvagem atônito ficou...
- Quem és; lhe pergunta, infernal deidade?
- Uma tal visão de inferno não sou:
Sou cá deste mundo, a realidade.
Volta às selvas tuas, vai lá procurar
Alguns desses bens, que aqui te hão tirado
A paz, a ventura que aqui tens gozado.

(...)

(...) página 23

Um movimento fez de impaciência
Da natureza o filho.
Seus braços estendendo à bela Virgem,
Quis ir a seu socorro...
Mas os olhos volvendo à terra vê
Realidade horrível!
- Dissipa as ilusões, filho dos bosques
A meu rosto te afazei;
E verás, que tão feia eu não serei,
Como agora pareço,
Se de ilusões a mísera humanidade
Não amasse nutrir-se,
Horrenda a face minha não seria
A seus olhos depois...

(...)

(...) página 56

E súbito o Caeté foi-se saudoso!
................................

Nas margens do Goiana agora expande
Sua dor !
- Goiana ! ... clama ele ali vagando,
Mais triste do que lá o Beberibe:
Onde está teu herói ? o filho teu !
- no céu ...
- No céu ... responde o eco ! E sabe o mundo
Suas grandes virtudes; sabe a glória,
Que seu nome deixou, nome imortal
Na pátria ! ...
E lá do Caeté
O triste pungir,
Com ele se foi
No céu confundir


Aqui sob esta abóbada
Nísia Floresta  

Aqui sob o zimbório, onde um santo viveu,
Eu scismo sobre o nada... E a lama entristeceu...
E vem-me ao coração, assim, desilludido,
Santa recordação do meu filho querido...
A lembrança dos meus é orvalho enluarado
Suavizando o calor do meu peito abrazado.
Da vida no espinhal, de minha mãe a imagem
É perfume de flor, é verde de ramagem...
Branca e doce visão aos pés do altar pendida,
Intercedendo aos céos pela filha dorida,
Que chora de amargor, ante o vício e o peccado,
Enquanto escuta da alma um som nunca estudado...
Brando e divino som, que ao coração me vem
Como resteas do sol, como um sopro do Bem...
Seria a tua prece, ó mãe, o teu cicio
Que em mim repercutindo, eu sinto que allivio?
Deus fazendo vibrar seraphica oração,
Harmonia do céo, dentro do coração?
Ó mãe, esposo e pae, ó trindade primeira,
Que eu recordo, entre o crepe e a flor da laranjeira,
Como estrellas brilhando em rosários de luz,
Um clarão derramai aos pés da minha Cruz!...



NÍSIA FLORESTA POR AUGUSTE COMTE, FILÓSOFO FRANCÊS (1798-1857), 
FUNDADOR DA SOCIOLOGIA E DO POSITIVISMO:




"Ninguém avalia melhor do que eu a importância habitual
das dignas relações femininas, sobretudo entre
os verdadeiros filósofos".

(Auguste Comte, em carta para Nísia Floresta, datada de
19 de agosto de 1856)


Mais sobre Nísia Floresta, acesse o link abaixo:

http://expressaomulher-em.blogspot.com.br/2013/03/dia-internacional-da-mulher-2013.html






 

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