* MARIA HELENA DUARTE DE ALMEIDA (PORTUGAL)







Apenas Sonho...
Maria Helena

Na hora magoadíssima do poente
- quase apagada já a luz do dia –
rezava a tua voz tão docemente
que nem o mar, o grande mar, ouvia.

Na minha mão, a tua mão ardente;
no meu, o teu olhar que se morria
e o mar a nossos pés em tom crescente
cantando, nem eu sei que litania.

Depois... sei lá que sucedeu depois!
A mesma chama nos prendeu aos dois
e a ambos fustigou, como um açoite.

Nem sei se foi sutil, se foi agreste...
Apenas sei que o beijo que me deste,
foi a primeira estrela dessa noite.

Naturalidade

Sei lá porquê! O amor não tem porquê!
Um sorriso, um olhar alvoroçado
e o coração em festa e deslumbrado
por um lampejo que ninguém mais vê!

Alma que se reparte e espera e crê
e mais quer dar depois de tudo dado.
E porque a vida é beijo conquistado,
bendito seja o amor pela mercê!

Compreender a voz fria do luar
e ao longe ouvir as ondas e entendê-las
e a própria neve transformar em lume...

Sem porquê! Sem razão e sem pensar:
como no Céu se acendem as Estrelas
e na terra as violetas dão perfume.


Promessa  

Depois, verás! O vento há de cantar
estranhas melodias ignoradas
e a tona, verde líquida do mar,
há-de encher-se de rosas encarnadas.

O sol será mais sol, mais tutelar
e aquecer terras frias, mãos geladas,
e os voos hão-de erguer-se pelo ar
no encantamento de asas libertadas.

Depois verás! Nem cruzes nem espinhos!
E há-de haver água em todos os caminhos
e em cada sombra o riso de um lamejo.

Há-de crescer o bem, secar o mal,
quando eu florir teus lábios de mortal
com a imortalidade do meu beijo.


Transfiguração
Maria Helena

Prende nas tuas minhas mãos cansadas
de tanta solidão, de tanto frio,
enche-lhes o amaríssimo vazio
do arrojo de caricias realizadas.

Dá-lhes a cor lustral das madrugadas
dos dias quentes, bárbaros de estio;
despe-as com devoção do tom sombrio
de tantas, tantas noites consumadas!

Em seguida, num místico lampejo
mas no calor ascensional das brasas,
beija os meus dedos trêmulos e vãos,

Que depois do milagre do teu beijo,
eu ficarei, amor, com duas asas
onde Deus colocara duas mãos.


Ressurreição
Maria Helena

Não vês? Ergueu-se a chama prisioneira
e que aos poucos morria de abandono.
O teu olhar pousou-se na roseira
e a roseira floriu, perto do outono.

O meu sonho de luz em cachoeira
não tinha cor nem frêmito nem dono
- que estava ainda a meio da ladeira
e agonizava de vazio e sono.

Porém, o sol rompeu no céu contente
e o meu corpo cansado de poente,
amanheceu numa alegria sã.

Não vês? Beija-me a boca ardente e louca
e dize-me depois se a minha boca
não tem um gosto nítido a manhã...

Noturno
Maria Helena

Antes que tudo morra de tristeza
e as coisas desta vida ponham luto,
antes que o mar imenso fique enxuto
e se apague no Céu a Lua acesa

Antes que falte o pão em cada mesa
e tombe no pomar o último fruto,
e o látego de um vento resoluto
sem compaixão castigue a Natureza

Antes que as minhas mãos fiquem mais tristes,
mais cansadas e frágeis e tão nuas
como as ervas rasteiras e singelas,

amor que ainda não tenho, mas que existes,
ri ao prenderes minhas mãos nas tuas,
já que eu tanto chorei por causa delas.


Oração Falhada
Maria Helena

A carne, nem violenta nem altiva;
os olhos, até onde o olhar permite,
ponho a teus pés minha alma em carne viva
e tôda a crença  que nessa alma habite.

Ando no mundo aos tombos, à deriva
sem encontrar alguém que me limite,
e por ti chamo, numa rogativa,
e tu ficas alheio ao meu convite.

Deus que moras tão longe e lá tão alto,
dissipa-me e incerteza e o sobressalto
e rasga as trevas deste negro véu.

Responde à minha voz molhada em ânsia
e acaba de uma vez com a distância
que separa o meu barro do teu céu.

Deu-te a Vida o fulgor da própria Vida;
Aos teus pés deu caminhos ignorados
E ofereceu-te aos olhos namorados
A apoteose da manhã nascida.

Fêz-te mais plana a íngreme subida
Pondo na estrada girassóis dobrados
E aos teus lábios de Sol iluminados
Deu o mel da ternura repartida.

A mim, não me pôs dia em cada mão;
Ao meu Céu incolor não deu luar...
Nem de mim se lembrou... Nada me deu!

Quem me dera mostrar-te o coração!
Talvez assim pudesses calcular
Até que ponto a Vida me esqueceu!

Se inda tens olhos para ver o mar
E lhe entendes a voz de maré-cheia;
Se vestes a tua alma de luar
E o sangue te palpita em cada veia;

Se o teu corpo mortal encontrou par
E vês erguida a chama da candeia,
E te descansa a sombra de um palmar
E ergues um sonho, mesmo sobre a areia,

Prende nas tuas mãos o bem da Vida!
Nega a dúvida atroz que te consome
E te deixa sem fé o coração,

Que a Vida só não deve ser vivida
Quando se é pão para nenhuma fome
E se tem fome quando não há pão.


Sobre a Tristeza
Maria Helena

Irmão que vives para além do mar
Afastado de mim por tantos nós;
Que tens na alma a alma do luar
E nas veias o sangue dos cipós;
Irmãos que segues de olhos deslumbrados
E não vês rosas sem poder colhê-las
E trazes nos cabelos desmanchados
A carícia noturna das Estrelas;
Tu, que tens os sentidos bem despertos
E uma chama a pulsar no coração
E enches todo o silêncio dos desertos
Com o grito escaldante do sertão;
Tu, que te levas por caminhos sábios
E que não andas pelo mundo à toa
E mataste a secura dos teus lábios
Beijando os lábios frescos da garoa;

Tu que não te naufragas em cansaços
Nem receias surprezas na viagem
E tens no ritmo aéreo dos teus passos
A musical cadência da folhagem;
Tu, que sonhas à margem dos escombros
E dos loucos vazios de ideal
E que apenas suportas nos teus ombros
O peso da loucura tropical,

Irmão: se mesmo quando a dor te assiste
Abres na boca o riso de uma aurora,
Já que eu só sei chorar quando estou triste,
Vem-me ensinar a rir quando se chora.


Humanidade
Maria Helena

Irmão distante e de alma irrequieta
Que voas, nem tu sabes a que altura
E em ti mesmo andas disperso,
Não invejes os brutos! Sê Poeta,
Que nada vale a ventura
De poder chorar em verso.


Canção da Minha Esperança
Maria Helena

Não! A gente não morre quando quer,
Inda quando as tristezas nos consomem.
Há sempre luz no olhar de uma mulher
E sangue oculto na intenção de um homem.
Mesmo que o tempo seja apenas dor
E da desilusão se fique prisioneiro.
Vai-se um amor? Depois vem outro amor
Talvez maior do que o primeiro.
Sonho que se afogou na baixa-mar,
De novo se há-de erguer, cheio de fé,
Que mesmo sem ninguém o suspeitar,
Volta a encher a maré.
Não penses que jamais hás-de achar fundo
Nem que entre as tuas mãos não terás outra mão.
Pode a Vida matar o sonho e o Sol e o mundo,
Mas não nos mata o coração.
Lirismo... inconseguido!

Eu quis ser o poeta alheio à mágoa
De primeiro ser só, triste depois,
Mas foi a solidão que não deu água
À minha sede lírica de dois...
Eu quis ser o poeta do Sol alto,
Do dia claro, das manhãs sem fim,
Mas foi a noite que tomou de assalto
O Céu oculto que eu trazia em mim.
Eu quis ser o poeta que chamou
A Vida numa voz vibrante e erguida,
Mas foi a Morte imensa que escutou
O imenso apelo que eu fazia à Vida.
Sonhei correr o mundo lês-a-lés
Desde o primeiro alvor da minha infância,
Mas foi o chão que me acorrenta os pés
Que acordou o meu sonho de distância.

Eu quis ser o poeta do mar largo
Buscando a cor de inéditas paisagens,
Mas foi o rio, num travor amargo,
Quer me obrigou à sujeição das margens.
Eu quis ser o poeta dos Espaços
Voando numa Amplidão que fosse minha,
Mas foi a realidade dos meus passos
Que me indicou as asas que eu não tinha.
Então, num grito que ninguém concebe,
Dei-me toda ao luar, num abandono,
Mas foi a insônia que alagou de febre
Os meus olhos abertos e sem sono.

Via Láctea
Maria Helena

Via Láctea! Céu mais alto
Sobre um abismo de trevas
Sem porvir...
Ó caminho que me levas
Aonde eu não posso ir!


Os Meus Versos
Maria Helena

Os meus versos nostálgicos, sem cor,
— Folhas mortas pisadas pelo chão —
São cânticos de dor à minha dor,
Pedaços do meu próprio coração.

Se alegrias vividas com ardor
As não soube guardar a minha mão,
Na alma arrecadei todo o amargor
Da minha incompreendida inquietação.

Versos cheios de febr5e e de incerteza,
A escorrer sangue, acerbos como espinhos,
Só os entende quem não for feliz.

Poetas! Meus irmãos nesta tristeza!
Chorai ao ler meus versos pobrezinhos,
Que eu também chorei muito quando os fiz!


Vitória
Maria Helena

Meu Filho: é dura a luta e grande e intensa
Que sòzinhos os dois vamos travar.
Sobre a nossa cabeça está suspensa
Uma invencível nuvem de pesar.

Vamos pedir à nossa fé imensa
Tudo quanto em coragem nos faltar.
Que importa que a saudade nos pertença
E tenha em si a vastidão do mar!

Caminhemos na mesma direcção
Que não há forças vivas que nos domem
Quando se sabe, ao certo, o que se quer.

Vençamos o destino e o coração:
Tu, lembrando-te sempre que és um Homem!
Eu... tentando esquecer que sou Mulher!

Perspectiva
Maria Helena

Lábios famintos, secos, de proscrito...
Mãos unidas, num gesto de oração...
Luz que é radiosa e pura no Infinito
Maculada de sombras, pelo chão...

Um soluçar baixinho, sem um grito
— Que é assim que soluça o coração...
Almas que se afundaram no delito
E sucumbem à míngua de perdão...

Sonhos em flor, desfeitos, mal sonhados...
Beijos que morrem antes de trocados...
Renúncias...
                   Tanta cinza! Tanto pó!

Um gosto incerto e vago a mocidade...
A morte que há-de vir... Uma saudade...
Para quantos, a vida é isto só!


Cinza...
Maria Helena

E fui tão fresca como a cotovia
Cantando de manhã entre os trigais.
Trazia o mel divino da alegria
A flor dos lábios rubros e leais.

As esperanças não findavam mais,
Antes cresciam sempre dia a dia.
A ventura era um néctar que eu bebia
E brotava em inéditos caudais.

Agora que caminho triste e exangue,
A alegria na dor amortalhada,
Os braços estendidos numa cruz,

Sinto dentro da alma toda em sangue
A dor da cinza fria e apagada
Ao pensar que já deu calor e luz...


Dúvida
Maria Helena

Mais um dia que passa e outro ainda
E atrás desse inda outro, sem cansaços.
E a vida foge, numa ânsia infinda,
Através do vazio dos meus braços.

E esta dúvida horrível não finda!
E esta loucura a acompanhar-me os passos
Vestindo de martírio a esperança linda
Dentro do coração todo em pedaços!

E o tempo que não deixa de correr!
E esta ansiedade feita de tristeza
Cada vez mais fantástica e pior!

Ó tortura infernal de não saber,
Tendo apenas por única certeza
Uma incerteza cada vez maior!!!


Nocturno
Maria Helena

Sou como tu, ó noite torturada,
Chorando no silêncio, a horas mortas,
Quando o medo caminha pela estrada
E força com vigor todas as portas.

Sou como tu, tristíssima e calada...
Ambas somos nostálgicas e absortas...
A minha alma na tua anda abraçada...
Com o teu mal, meu grande mal confortas!

Eu sinto a tua dor irmã da minha
E dentro de mim mesma é que encontraste
O eco das tuas lágrimas saudosas,

Que eu bem vi, mal rompeu a manhãzinha,
As lágrimas ardentes que choraste
Escondidas nas pétalas das rosas...


Toada
Maria Helena

Tua boca aflorou a minha mão
E meus dedos esguios e compridos
Como arautos que são dos meus sentidos
Vibraram numa estranha vibração.

E sentindo essa estranha vibração
Que percorreu em fogo os meus sentidos,
Os meus dedos esguios e compridos
Fecharam o teu beijo em minha mão.

E a tremer por sentir na minha mão
O louco despertar dos teus sentidos,
Num momento de estranha vibração

Tive nos meus sentidos teus sentidos
Quando o beijo fechei na minha mão
Com meus dedos esguios e compridos...


Gratidão
Maria Helena

Por o meu lindo sonho ter morrido,
Não quero mal à vida que o levou,
Porque se a vida agora é sem sentido,
Foi mãe do sonho que me deslumbrou.

Se o destino, traiçoeiro, me negou
Todo o bem que me havia prometido,
Não o culpo do nada que hoje sou
Nem da morte do que antes havia sido.

Assim caminharei, estrada adiante,
Que se o meu sonho se desfez em mágoa,
Foi da vida que o sonho amanheceu.

Não sou como o sedento caminhante
Que se lembra de ter bebido água
Tendo esquecido a fonte onde bebeu...


Panteísmo
Maria Helena

Eu sou a essência lúbrica do mosto
De imanações violentas e carnais...
Sou a curva das asas dos pardais
Voando à doida pelo Céu de Agosto...

Sou a última chama do Sol-posto
Incendiando os oiros dos trigais...
Sou a alegria quente dos beirais
E dos frutos do Outono o aroma e o gosto...

Sou o perfume estático das rosas...
O olhar ingênuo dos botões a abrir...
A alma incompreendida do luar...

Sou o brado das coisas silenciosas
Que têm coração para sentir
Mas não possuem voz para falar...


Orgulho
Maria Helena

Minhas são as auroras cor das rosas
E astros em fogo pelo Céu sem-fim...
E águas do mar e nuvens caprichosas
Criou-as Deus apenas para mim.

Eu compreendo as noites silenciosas...
O luar fala comigo, no jardim...
E a minha boca — pétalas viçosas! —
Foi modelo dum cravo carmesim...
....................................................

Temendo sempre que outros me desmintam,
Se grito um bem que a vida me negou
E se apregoo dons celestiais,

É só para que os outros não pressintam
No quase nada que no mundo sou
A imensa dor de não poder ser mais!


Quem?
Maria Helena

Quem deu asas ao Céu e aos passarinhos?
Quem ensinou o ofício às abelhas?
Quem, de noite, defende e embala os ninhos
E assiste, oculto, ao parto das ovelhas?

Quem deu calor ao Sol, força ao granito
E ao rouxinol a voz quente e vibrante?
Quem acendeu estrelas no Infinito
Alumiando a estrada ao caminhante?

Quem deu à noite a sua cor sem cor
E o oiro fulvo às límpidas manhãs?
Quem fez nascer da pequenina flor
O riso ensanguentado das romãs?

Quem deu impulso às ondas incessantes?
Quem fez brotar as águas das nascentes?
Quem fecundou as árvores gigantes
Nos ovários exíguos das sementes?

Quem ordenou à flor que suavizasse
A dureza das pedras dos caminhos
E quem mandou ao vento que empurrasse
As velas retesadas dos moinhos?

Quem susteve nos ares os planetas
E entornou rios de oiro sobre as praias?
Quem perfumou a cor das violetas
E coloriu o aroma das olaias?

Quem emprestou frescura à ventania
E tingiu as papoilas de carmim?
Quem deu aos outros homens a alegria...
... e se esqueceu de mim?


Pela última vez
Maria Helena

Aquilo que se faz ou que se diz
Pela última vez,
Seja o sorriso de quem é feliz,
Seja um grito afogado na mudez;

Ainda que no peito fatigado
Não brilhe já a chama louca
E na boca o sabor do beijo dado
Não for mais que a saudade de outra boca;

Inda que o sonho — vivo como lume —

Tenha perdido o fogo e a fragrância
Porque a sua lembrança já se esfume
Nos dolorosos braços da distância;

Que tristeza tão grande que nos traz
Uma recordação, mesmo sem nitidez,
Daquilo que se diz ou que se faz
Pela última vez!




INFORMAÇÃO DO EM:

O blogue da poetisa portuguesa MARIA HELENA está na internet, inclusas suas parcerias com o poeta brasileiro J. G. de Araujo Jorge:

https://mariahelena-versosqueportugalnaoviu.blogspot.com




6 comentários:

  1. Não conhecia a poeta Maria Helena Duarte de Almeida, mas confesso que está sendo uma grande revelação. Gostaria de obter informações quanto a outras obras dela, se assim for possível. Sinto-me contida no poema "ORAÇÃO FALHADA" e seus versos parecem me seguir... MARAVILHOSA!!!!
    Obrigada, Expressão Mulher, obrigada por grandes descobertas!
    Fizze Hernandez

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  2. PROMESSA -> Lindo poema!!!
    Mas essas ETERNAS não morreram, jamais morrerão; E, pra ser ETERNA é preciso dizer aquilo que também não morre!
    Maria Helena: grande poetisa! Não conhecia, mas inebriou-me!

    Soraya Simões

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  3. Hilda Monteiro Sanches1 de set. de 2012, 09:56:00

    Poetas não morrem e Maria Helena Duarte de Almeida será mesmo ETERNA, porque não viveríamos sem a dose certa do seu mel.
    Quanta beleza essa Mulher de Expressão nos deixou.
    Hilda Monteiro Sanches

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  4. Quantas preciosidades expressou esta grande mulher!
    Abraço,
    Bárbara

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  5. Boa tarde. Preciso contactar com a gestora deste blogue a propósito da obra desta autora. Sou Rui Martiniano e preciso saber se há descendentes desta poetisa pois, por herança fiquei entregue a livros da poetisa, autografados e com dedicatória, que gostaria entregar aos seus familiares vivos mais chegados. Deixo o meu e-mail: ruii.martiniano@gmail.com - grato. RuiM

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  6. Já agora o link que forneceram para a obra de Maria Helena não diz respeito a esta autora. Cumprimentos. RuiM

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