* CARMEN FREIRE (Baroneza de Mamanguape) - (Brasil)






No Deserto
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape) 

Esperar?... para que? Com o sol expira
A esperança que tínhamos no dia,
E é tão longa, tão lobrega, tão fria
A noite em que a alma incrédula suspira !

O desengano toda a fé retira
Dos corações, enchendo-os de agonia...
Bemdito aquelle que inda se alumia
Da crença á doce e perfumada pyra.

Passam-se os dias, para o céo levanto
Os olhos cheios da maior tristeza
E as minhas preces humidas de pranto

Mas a voz do infeliz tem taes raízes
Que, dentro da garganta fica presa,
E Deus escuta apenas os felizes.

(Do Paiz de 2 de Maio de 1890.)


Ninho Vasio
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape) 

Fui ver o lar que ella habitou sorrindo
Quando nos vimos pela vez primeira,
E percorri calada a casa inteira,
E tudo estava n'um silencio infindo,

Andei de quarto em quarto descobrindo
O ninho onde aquella alma companheira
Desta alma palpitava prisioneira,
Todo o martyrio da paixão sentindo

O' martyr, que colheste as tristes flores
Dos seccos descampados da existência.
Espera e crê! Das tuas mesmas dores.

Em breve, no vigor da florescência
Colherás da ventura os mil verdores,
Flores do céo, de Deus divina essência.


Martyr
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape) 

Nas longas agonias, que ella occulta
Nos sorrisos forçados da tristeza,
Raros podem julgar! Pomba indefesa
Cujas dôres o riso alvar insulta!

Ninguém da magoa que em sua alma avulta
Póde sequer medir qual a grandeza:
Tem por camimho asperrima deveza,
Por herdade a charneca vil, inculta!

Vasia a sala onde senti que a amava;
Sua alcova sem leito, erma, vasia !...
Sómente a solidão me acompanhava.

Onde viveste, ó santa, que a bondade
Toda resumes! hoje, quem diria?
Vive o negro fantasma da saudade.


Illusão
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)  

Já louco que fui! Prendi-me á chamma ardente
Da viva luz que o teu olhar inunda,
Mas hoje creio que paixão profunda
Dal-a não pode quem amor não sente.

Bem sei que julgas que a paixão fremente
Póde esquecer-se; mas quando ella é funda
Fida a saudade atroz que nos afunda
No vórtice voraz de acerba enchente.

A' tona da torrente as crenças vão
Boiar no mar dos pelegos tristonhos,
Onde a saudade afoga o coração.

Depois na branca espuma vão-se os sonhos,
E da morte assassina a negra mão
Mostrar-nos vem os túmulos medonhos!


A Escrava
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape) 

Pouco importa que esposa, mãi ou filha,
A escrava seja! Tristes, negros fados,
Ao grilhão de piratas condemnados,
Vincularam-lhe o pé que as urzes trilha!

Infeliz! Em que céo te luz ou brilha
O sol dos sonhos teus, gentis, dourados?
Em que terras ou climas afestados ?
Em que sertões, em que deserta ilha?

Mulher e escrava! antithese de um crime,
Que a vil cobiça humana fez nascer!
Que força póde ter o pobre vime!

Quem ha que a mansa rôla em seu gemer,
Duro algoz, a ferir cruel se anime?...
Folga, mulher, eis findo o teu soffrer.


O Cemiterio
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape) 

Quando á tarde nos túmulos sombrios
A lua espalha a merencoria côr,
Tremúla uma saudade, e em cada flor
Rolam crystaes de lagrimas em fios.

Tremem as cruzes sobre os leitos frios
Por esse império do mais negro horror,
E sobre os corpos hirtos, sem calor
Abrem as azas os tufões bravios

Ouvem-se os gritos d'agourentas aves,
Que, perpassando da capella as naves,
Ousam da morte perturbar o somno.

Tudo alli dorme ; só não dorme a terra,
Porque a terra que o corpo envolve, encerra
Do verme atroz o pavoroso throno.


Abraço Eterno
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape) 

Desceu a noite silenciosa e triste...
Muda, tremula, fria e cautelosa:
Ella, palpando as trevas, busca anciosa...
O que ella anciosa em procurar persiste ?

Nenhum rumor escuta. Pressurosa
Tactêa, experimenta, volta, insiste,
E entra na terra onde ninguém existe
Frio suor detem-n'a angustiosa.

Abre um caixão, em lagrimas desfeita,
Treme, soluça e rapida se deita
Nos hirtos braços do finado amante.

Tem medo, quer fugir, e perde a falla:
Ouer fugir, mas o morto nesse instante
Fecha-a nos braços p'ra nào mais soltal-a.


Enferma
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape) 

A’ Minha Filha

Tão abatida ! a natureza injusta
Julga que os anjos podem ter peccado
E, pondo-te n'um leito amargurado,
Não vê que ao próprio Deus tal crime assusta!

Incende em fogo a tua mão augusta
Secca-te os lábios, e esse olhar amado
Enche de incerta luz, e um céo nublado,
Sobre as pupillas dos teus olhos justa

E eu te vejo soffrer... sem um gemido
Supportas o castigo immerecido,
Calma, tranquilla, muda, resignada,

No leito, entre lençóes de branco linho
Como uma deusa que um dragão marinho
Arranca pela espuma perfumada.


A Perola
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape) 

Oh ! tu que habitas entre os invios mares,
Perola rara de nitente alvura,
Cópia divina de immortal candura,
Deusa occulta em marítimos altares;

Desprende-te dos nítidos collares,
Transforma-te em humana creatura,
E então, mulher, prodígio d'esculptura,
Com o teu amor afasta-me os pezares.

Sê tu o alento, o poderoso veio,
Que, penetrando a curva do meu seio,
Torne-me a vida ardente e venturosa.

E, mostrando-me as fórmas peregrinas,
Visão da noite, em sonhos côr de rosa,
Dá-me n'um beijo sensações divinas.


Ouvindo
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape) 

A’ Mariquinhas de Assumpção Chaves

Canta que o teu cantar é tão divino
Que d'harpa eolia o mavioso treno
Irmana-se ao gorgeio doce e ameno
Dessa tua voz de timbre peregrino

Dos sons melifluos ao mimoso trino,
Desvenda-se em minh'alma um céo sereno.
Tudo revive, o proprio mar é pleno
Das ternas melodias do teu hymno.

Quem será que te ouvindo não confunda
Do psalmo santo a límpida harmonia
Oue nos enche de amor e nos circumda

Dos sonhos ideaes da fantasia.. .
Ouvindo-te a alegria em mim redunda,
Minh'alma canta, vive, s'extasia.


Endre Deuses
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape) 

A Meu Marido

Cahindo vinha a tarde, o sol morria,
Enviando á terra o derradeiro beijo;
Já no horisonte o límpido cortejo
Das estrellas a lua conduzia.

O céo de par em par o seio abria
A's horas do prazer e do desejo,
E a Madona do azul, n'um leve adejo,
Philtros de amor das azas desprendia.

Placida Venus brilha triumphante,
Saturno, contemplando-a commovido,
Entre as duas ficara vacillante.

Mas eis que inda mais bella surge Diana,
E o velho Deus, em seu amor ferido,
Morre nos braços da gentil sultana.


Celeste
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape) 

A Bibi Ribeiro

Banhado pelas brumas do infinito
Fulge o teu nome na suprema altura;
Em ti, Celeste, a mystica doçura
No céo de teu olhar tu tens escripto.

Teu nome pelos anjos foi transcripto
Em lettras de ouro na penumbra escura
Na flor, na estrella, em tudo que fulgura.
Eterno viverá, sempre bemdito.

De ti nos falia a rutilante aurora,
E quando o ethereo azul o céo enflora
Teu nome rola derramando á flux,

Abre-se o espaço em límpida harmonia,
Rebrilham sóes, e o facho da poesia
A terra, mar e céos inunda em luz.


Fantastico
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape) 

Abri meus olhos sobre um cemiterio,
E em meio á paz silenciosa e fria,
Como mortalha lúcida, cobria
A luz da lua o sideral imperio.

Os tumulos do mármore que eu via,
Livros em branco de eternal mysterio,
Eram degráos partidos de um funereo
Povo, que aos poucos desapparecia.

E ouvi no entanto gritos lastimosos,
Corações de bandidos que choravam,
Corações de poetas lacrimosos.

De amantes jovens lastimar profundo,
E a lua sobre os mortos que a fitavam,
Como um sereno olhar de moribundo.


Volve
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape) 

Longe, tão longe, o teu amor buscando,
Vara-me o peito o espinho da saudade,
E a minh'alma nas garras da anciedade
A' dôr de te não ver se vae matando.

Vejo funereo crepe amortalhando
Todo o meu ser sem a menor piedade,
Porque da sorte a deshumanidade
Rouba-me o céo, de ti me separando.

Volve de novo, quero ler comtigo
As orações de amor no livro ardente
Onde os beijos não têm nenhum perigo.

Quero comtigo viajar sem norte;
Quero morrer, porque o amor vehemente,
Para a vida nos dar, dá-nos a morte.


Noite em Santa Thereza
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape) 

A Minha  Mãi

Olhando a linha irregular dos montes
E contemplando a vastidão marinha,
Vai-se a minh’alma, como uma andorinha
Em busca de mais bellos horizontes.

Meus tristes olhos, como duas fontes,
Jorram a magoa que o meu peito aninha,
Porque, ó sorte rispida e mesquinha !
Justo é que em pranto a minha historia contes.

E saibam que a amargura que me pesa
E' maior do que todas estas cousas
De que vejo cercar-me a natureza...

Pois, para minorar-me as amarguras,
Nem tu, oh! terra, me mostrando as rosas!
Nem tu, oh! estrella, que no céo fulguras!


A Uma Estrangeira
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape) 

A Orozimbo Muniz Barreto 
(HENRY MURGER)

Nasceste no paiz, do qual Mignon, se diz
Tem saudades, e tu como ella também choras
Sob um céo estrangeiro, o céo do teu paiz.
E passas tristemente intermináveis horas

Vendo também morrer, de saudades tranzida,
A planta tropical, um sol, sem luz, sem vida,
No exílio nunca mais ella se abrio em flores...
Morre, succumbe, muda ás mais profundas dores.

Tu sorrisos não tens, ella não tem perfumes.
Para que a flor de novo entre festões floresça
Para que ao teu olhar voltem os vivos lumes
E o teu rosto de novo alegre resplandeça ;

Ambas necessitaes do sol desse paiz
Que Mignon não esquece e chora tristemente;
E ao sol dessa região, encantador e quente,
Vendo a flor renascer, tu viverás feliz.


Oriental
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape) 

A Meu Filho Decio Freire

Fulge o crescente, o céo 'stá claro e lindo..
Leve perpassa a viração nocturna,
E, da pátria distante, o peito abrindo,
Soluça o prisioneiro n'uma furna.

Stambul, Stambul! esplendido thesouro,
Mâi de guerreiros e de moças bellas!
Oh! meu saudoso luar do Corno de o ouro,
Todo coalhado de milhões de velas ?

Pera, Galata, harens, sumptuosidades,
Santa Sophia, tudo o que eu desejo,
Matai-me de Zobeida estas saudades,
Já que presinto nunca mais a vejo.


D’aprés Nature
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape) 

Como é bello ver-se quando
Amorosos, descuidados,
Andam felizes brincando
Dous pombos enamorados,

Parece até que o bafejo
Daquella casta alegria
Envolve-os na luz d'um beijo
Que ao beijal-os se extasia.

Como saltita sorrindo
Aquella pomba amorosa,
Que, em bicos dos pés fugindo,
Mostra as meias côr de rosa.

E o noivo, olhai-o, correndo
Como criança travêssa,
Quer pegal-a.. . mas temendo
Que ella se agaste, tropeça.

Pararam ambos, e, olhando
Todo o campo em flor aberto,
N'um salto galante e certo
Aos beijos vão-se abraçando,

E naquelle ardente enlevo
Naquelle delírio cégo,
Fulgem em alto relevo
Delicias do tempo grego.


(Luiz Ulhand)
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape) 

Assim como do sino o monotono canto
Vibra ainda depois de abandonar a torre;
Assim como quem desce alto monte correndo,
Chegando ao plano ainda um bocadinho corre;

Assim como a fogueira abandonada ao canto
Muito tempo depois fulge morre-não-morre
Assim como uma flor já quasi fenecendo,
Aberto o calix, cheira e o orvalho delia escorre.

Assim como perdura o agreste sentimento
Da flauta pastoril no campo, onde o rebanho
Traz o calmo pastor de venturas repleto;

Assim dentro de mim, eterno, experimento
Do soneto o desejo inefável e estranho,
Que me obriga a fazer este ultimo soneto.


Adormecida 
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape) 

É noite e no seu leito graciosa
Dorme languida a fada alabastrina !...
De uma pet’la de liz cândida e fina
Fez Deus aquella nayade formosa !

Que mimos tem na cutis setinosa
Essa mulher, que a pallidez divina
Dos mármores da Grécia peregrina
Ostenta em sua côr de branca rosa !

Nympha que dormes ao clarão da lua,
Tu, que o esplendor da Estatuaria nua
Em teu delgado sêr frágil resumes:

Deixa que os olhos meus em ti se fitem,
E que os teus entreabrindo-se me excitem
A succumbir de amor e de ciumes!


Vinte e Dous de Agosto 
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape) 

Desponta a aurora risonha
Na capital brazileira;
Ouvem-se as vozes dos sinos
Por esta cidade inteira.

O som do canhão retumba
Nos mares de verde-azul;
Áureas bandeiras tremulam
Batidas do vento sul.

Ostenta-se o sol formoso
Na terra de Santa Cruz,
E a Providencia Divina
O Imperador nos conduz.

Vinde, pois, monarcha excelso
Nós vos saudámos senhor!
Sois o idolo do povo,
Sois do Brazil o penhor!

Echoam do Sul ao norte
Vivos brados de alegria!
Vela o gigante deitado
No cume da serrania.

Enche-se o dia festivo
De galas e de fulgor:
Hoje ás plagas brazileiras
Volve o nosso Imperador.

Busca a filha do seu peito,
Isabel a Redemptora;
Com ella passa radiante
Entre a turba acclamadora.

Fulge, cidade bemdita,
No solo da liberdade !
De Isabel já brilha o nome
No vácuo da immensidade.


A Musa
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape) 

A musa, que em noss'alma accende a chamma
Da pura e genial inspiração!i
Que ao plectro ardente ou meigo da paixão,
O peito nos captiva e nos inflamma,

E’ dos hymnos do céo a doce gamma,
Celeste, maga e languida canção,
Que nos falla de amor ao coração,
E aos mundos ideaes nos leva e chama;

E' das obras de Deus a maravilha,
O sol que em todo o mundo esplende e brilha.
O espaço immenso, a terra e o infindo mar!

A flor que busca a linda abelha loura,
Do sol posto o clarão que as nuvens doura,
Da noite em meio pallido luar!


Inverno
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)

Vão-se os annos, e as cans, apparecendo,
Tornam-me a vida lugubre e sombria;
Nada me resta, e a carne é já tão fria
Que, apezar de viver, estou morrendo.

Não vive quem o amor não conhecendo
Não vê jamais o claro sol de um dia.
Que a luz do sol que as almas alumia
E' o amor, que as almas vai de luz enchendo.

Vivo e não vivo, e fallecendo em vida
Como
 a lampada triste pouco a pouco
N'um claustro fulgurando amortecida,

Calma e tranquilla deixa a vida ingrata,
Onde da luta o soffrimento louco
Céga, apunhal-a, dilacera e mata.


Alvoradas 
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)

Quando surge no oriente o sol brilhante,
De luz banhando as veigas e os algares,
Mimosas garças recortando os ares
Cansadas pousam no paul distante.

Busca a linda phalena o seu amante,
Voando como louca, entre os palmares,
E com elle volvendo aos seus pomares,
Afaga-o carinhosa e palpitante.

Descanta a meiga rôla os seus amores;
Subtil deslisa o rio entre verdores,
Bem como branda corre a doce aragem,

E as flores, sobre as águas debruçadas,
Acordam no seu leito, reclinadas
Entre os mimos e graças da ramagem.


A Lua
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)

O’ lua! formosa lua!
Do céo soberana augusta,
Dize, dize, que te custa
Desvendar-me a vida tua?

Conta-me os doces segredos
Das regiões incognociveis,
Onde archanjos invisíveis
Têm anneis de astros nos dedos.

Dize se as nuvens formosas,
Quando se fundem n'um beijo,
Sentem no seio o lampejo
Das estrellas luminosas.

Vem alentar-me, querida,
Que, a todo o poder, prefiro
O aroma do teu suspiro
Para encantar minha vida.

Talvez tu possas um'hora
Mostrar-me as crenças que voaram
Paginas que se rasgaram,
Apagando a minha aurora.

Talvez mostre-m'as suspensas,
Sem abrigo e sem ventura,
Chorando na immensa altura...
O' minhas perdidas crenças !

E, quando ao céo remontares,
Leva comtigo a minha alma,
E no céo, como um astro, calma,
Fique dominando os ares.

Vendo um corpo que soffreu
Na terra, sob uma cruz:
A terra perde uma luz,
Mas ganha uma luz o céo.

Desvenda-me os esplendores
Do céo coalhado de estrellas,
Que a gente parece, ao vêl-as,
Vêl-o coberto de flores.

Mostra-me os vastos imperios
Da tua eterna morada,
Profundamente sulcada
Dos mais profundos mysterios.

Mas calas zelosamente
O poema que o céo encerra,
E corres até a terra
O teu manto alvinitente.

E suspensa em doce luz
Ficas de um êxtase presa,
Alma de Santa Thereza,
Casta esposa de Jesus.

Desce da frigida bruma,
Ai! vem conversar commigo!
Vem, que o teu hálito amigo
O meu coração perfuma.


Aposta de Christo 
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)

          Che ben pio' nulla clie non puo' morire
                  (Sonetti -PETRARCA)

Quando no alto do cruel madeiro
Pregaram Jesus-Christo, sem piedade,
Pairava-lhe um sorriso de bondade
No lábio resequido e verdadeiro.

Consta que alguém gritou-lhe: -vil cordeiro,
Tu que prégaste o bem, tu que a verdade
Prégaste, morres nesta iniquidade
E calmo dás o alento derradeiro.

Não clamas, não fulmina teus algozes,
Tua palavra magica emmudece,
Morres tranquillo, mudo, solitário...

E Jesus, atalhando as suas vozes,
Respondeu-lhe:—Ah! feliz o que padece
E chega logo ao alto do Calvario.


A'Minha Amiga
Euthalia de Barros Gurgel do Amaral

Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)

Sabes d'um mal que leva ao desvario,
Que faz do somno uma segunda vida
E torna o rosto mais jovial sombrio ?

Que ao desespero o coração convida,
Que os olhos dilatando a vista encurta,
E, dando forças, toda a força embrida ?

Sabes d'um mal que a intelligencia furta,
Que falla muito quando nada falla
E a mais extensa vida torna curta ?

Oue se um minuto uma illusão embala
O nosso pensamento entre venturas,
Todo o prazer elle irrompendo cala?

Sabes d'um mal que leva as creaturas
De pezar em pezar, de dôr em dôr,
Por uma galeria de loucuras?

Dizes que é o ódio, eu digo que é o amor.


O Vendaval
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)

Ribomba a tempestade! Aos seus rugidos
Voz de tormenta estruge pelos ares,
E os troncos do arvoredo, seculares,
Juntam, cahindo, aos della os seus gemidos!

Fogem as aves aos cem mil bramidos
Da fúria que rolando vai nos mares;
E a triste procellaria entre os algares
Do furacão se afasta entre vagidos.

Sibila o vendaval, troando o espaço
Como a rubra centelha do estilhaço
No campo ensanguentado da batalha!

Mas eu, que affeita vivo a fundas maguas!
Não me atérro ao furor das negras fragoas
Que o céo raivoso, em chamma ardendo espalha.


Luar na Solidão
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)

Eis-me comtigo a sós, formosa lua,
Ao doce marulhar das ondas mansas,
Onde dos raios teus a luz descanças
Que branca e bella esparge a face tua.

Como a sultana que na espadua nua,
Segundo as velhas orientaes usanças,
Envolve em fino véo as louras trancas,
Ficando-lhe mais clara a espadua sua

Tal te mostras, rainha dos espaços,
Entre as gazes do céo adormecida !...
Não sei que doces, que invencíveis laços

Ligam a ti minh'alma embevecida!
Ah! deixa-me seguir no céo teus passos,
Astro da noite, luz da minha vida!


BALATA
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)

A Guimarães Passos

Cahia a noite, cahia...
Abriam palestra as flores;
A' despedida do dia
Davam entrada os amores.

Ella com o riso dourado
     Que o sol lhe deixou
Dizia ao seu namorado:

- « Pelo prazer que te dou,
Qual o premio que me deixas?»

« Eu deixo-te o meu amor
E apaixonadas endeixas...»

— « Endeixas apaixonadas
Têm muitíssimo valor;
Porém se por mim suspiras
Nas cordas endulçuradas
     Da lyra ;
Se o teu amor é sincero,
Em troca do meu amor,
Trovador, apenas quero
Tua lyra, trovador. >

Nada se ouve, o poeta inclina
A fronte, toma-lhe a mão,
E na rosea mão tão fina
Deposita o coração.

E doce a noite cahia...
Abriam palestras as flores;
A' despedida do dia
Davam entrada os amores.


Alvoradas
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)

Nos alvos areaes do meu paiz,
Quando a brisa murmura os seus queixumes,
Desprendem-se das flores mil perfumes,
Que incensam dos silvados o tapiz.

Gracioso alli s'expande o branco liz,
E o sol, que iluminando vai os cumes,
Dissipa das montanhas os negrumes,
Bordando dos vallados o matiz.

Nos mimos tropicaes do meu Brazil
Embala-se a minh’alma embevecida
Nos eêxtases do amor em sonhos mil!

Como te adoro, oh! patria estremecida,
Terra d'encanto e luz, torrão gentil,
Berço de amor, fanal da minha vida.


Seus Olhos
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)

Quem vio jámais a luz do sol desponte
Em limpida manhã de claro dia,
Branda luz que não dóe, mas que alumia
O insecto, a flor e as perolas da fonte;

Que nos visos da serra do horisonte
Accende um sol em cada penedia,
E enche o bosque de luz e de alegria
Aos hymnos festivaes do mar defronte;

E seus olhos que a terra e o céo retratam
N'um meigo olhar de placida doçura...
— Olhos que nos dão vida ou que nos matam...

Má idéa terá !... Fôra loucura
Tentar fugir se os raios seus desatam
Aquelles olhos de pupilla escura.


A Morte
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)

Quando ella vem de nós se approximando,
Livida e fria, horror da humanidade,
Lethal, cruel, sem dó, sem mais piedade,
Da vida as illusões aos pés calcando;

Nas orbitas vasias vai levando
Do nosso olhar a fulva claridade ;
Porém se um sol nos rouba, a eternidade
O espirito immortal nos vai banhando.

Nos mares do infinito o pensamento,
Qual flamma, oscilla, quando a mão terrivel
Cortar nos vem de um golpe o soffrimento.

Baquea o corpo immerso em dôr horrivel,
E a féra horripilante de momento
Reis e plebeus conduz a somno nivel!


Noiva Morta
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)

Como esta alcova é lugubre e sombria!
De ti só resta a pallida saudade!
Noiva, subíste á luz da eternidade
N'um manto azul de fulva joalheria.

Do teu amor minh’alma está vasia;
Cerca-me a vida espessa escuridade.
Cruel destino! Pobre humanidade
Das leis sujeita á negra tyrannia!

Em vão procuro afugentar da mente
O teu corpo de marmore, velado
N'alva mortalha fina e transparente.

Debalde ! Em vão! Meu sonho desvairado
Mostra-me o leito funerario e algente
Guardando a branca flôr do teu noivado.


Finge
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)

Emquanto choras morre a luz divina
Dos teus olhos na lagrima que escorre...
E, sem que a dor matar comsigas, morre
Da tua face a rosa purpurina.

Basta de pranto! Volte á cutis fina
A côr que foge quando o pranto corre;
E, em vez da magoa que o teu sêr percorre,
Percorra o amor que as almas illumina.

Se, porém, não te é dado o niveo pranto
Matar, matando a tua dôr pungente,
Finge, não mostres o que prezas tanto,

Finge, porque ao olhar indifferente
Faz tanta inveja um riso falso, quanto
Prazer lhe causa um desespero ardente.


Meia Noite
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)

La’ fóra apenas o silencio e a treva . . .
E' nessas horas de melancolia,
Que a alma dos crentes, como a luz do dia,
Nua, ás celestes regiões se eleva.

Felizes crentes que não têm por guia
O corvo horrendo que a grasnar me leva;
Corvo cruel, que no meu peito ceva
A fome eterna que jámais sacia.

Mas nessas horas em que a noite corre,
Tranquilla como um ai! que foge e morre,
Alliviando um peito desgraçado;

E' que eu, voltando os olhos p’ra o meu seio,
Tremula e triste, com saudades leio
Toda a historia feliz do mez passado.


Treze de Maio
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)

A Isabel A Redemptora

Tudo ao redor são festas e cantares!
Nunca tão alto som de alegres hymnos
Surgio de toda parte, á voz dos sinos,
Nos seus gritos de bronze pelos ares!

Fugiram da cidade os seus pezares;
E' geral o prazer! Iguaes destinos
Irmanaram com os velhos os meninos,
Com as humildes choupanas os solares!

E cabe a vós, Senhora, tanta gloria,
Pois livrastes da dôr do captiveiro
Milhares de infelizes, cuja historia

De longas dores é um poema inteiro;
Aceitai, pois, oh anjo da victoria,
Da patria livre o livre amor primeiro.


AO HERÓICO GENERALISSIMO
MANOEL DE0D0R0 DA FONSECA

Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)

Para nós, almas livres, não existe
Direito algum além da liberdade ;
Vimos da terra ardente, onde hoje triste
Chora entre cinzas a fiel saudade.

Artistas, nossa eterna mocidade
Através dos sarcophagos persiste,
E, abrindo as azas á immortalidade,
Cremos n'um Deus que ás tentações resiste.

Cremos no alto poder do pensamento,
Da victoria gloriosa do talento,
Das creações dos genios immortaes.

Tu, que nos déste um horizonte novo,
Tu, que entregaste a liberdade a um povo,
Creio em ti, General dos generaes.


Melancolia
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)

Melancolia, perfido veneno,
Vida apparente, interminavel morte,
Tu me conduzes, como ao leve threno
Conduz e absorve, sem piedade o norte.

Quando a minha alma de repente avista
Uma flecha de luz e as azas bate,
Sobes-me aos olhos, deíxas-me sem vista,
E eu cedo humilde ao teu amargo embate.

Foram-se as flores que colhi sorrindo,
Quando a teu lado, os teus olhos lendo,
Tu me dizias:—Olha como é lindo

O mar, o céu e tudo que estou vendo!
E eu tremula de amor tua falla ouvindo
No veneno lethal me fui prendendo.


Descrença
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)

Rasga-me o peito e ficarei contente,
Pois que da vida me não resta um dia,
Nem mais a luz que d'antes me accendia
O peito, agora ha de tornar ardente.

Sem ti tudo me foge tristemente. . .
E as paginas de amor, que eu tanto lia,
Rasgaram-se uma a uma quando eu via
Um novo céo seguir-me de repente.

Como hei de crer, se a crença que se aninha,
Dentro em meu coração, um só momento,
Lá te avistando como uma andorinha.
Foge á frieza do teu alojamento?

Ave da noute, á clara luz do dia
Fechas os olhos torvos e pesados
Que te importa o prazer, melancolia,
Se o teu prazer é ver-nos desgraçados?

Tu nos penetras vagarosamente,
Como o perfume e nunca mais nos deixas;
Tudo o que vemos fica de repente
Dentro da furna escura em que nos fechas.

A ave não canta, a flor não tem perfumes,
E o céo que cobre o mundo que habitamos,
Peza, como uma lugubre redoma,
Dentro da qual aos poucos definhamos.


Simili
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)

Se a alma do rouxinol um dia a Deus cantasse
     A sua desventura
Por mais que o seu gorgeio em pranto derramasse
Não n'o estaria Deus na luminosa altura.

No entanto algum mortal dentro d'alma ferido
     Ouvindo-lhe o gorgeio.
Sentira o peito menos dolorido
E a crua dor, talvez dormisse-lhe no seio.

Poetas somos assim — ninguém feliz nos ouve
    Quando exhaustos cantamos
Sem ouvir uma voz que o nosso grito ouve,
Involuntariamente aos tristes consolamos.


Resposta a Arthur Azevedo  (*)
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)

Toda me indagas—todo te pesquizo
Desde os pés ao negror do teu cabello,
Emquanto vês em mim frio modelo,
Eu por fora e por dentro te analyso.

Buscas o inferno em mim—e eu quero vel-o
Dentro em teu coração. . . porém diviso
Apenas o fulgor do paraizo
Que, como eu, tu não sabes escondel-o.

Quando me fallas — eu te contradigo;
Firmo no rosto indecifráveis traços...
Se me persegues, eu te não persigo,

Queres meus braços nebios e morenos...
Fogem meus nedios e morenos braços...
Mais te conheço—e me conheces menos.


Nota da Autora: 

(*) Este soneto nasceu de uma pilhéria. Tendo
o Sr. Azevedo publicado com as mesmas rimas
um bello soneto, eu quiz responder-lhe ; o que fiz—-
enviando-lhe este sem assignatura.


Pantum
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)

Tamanha força o teu olhar encerra
Que, a historia inteira de um passado triste,
Mal os teus olhos encontrei na terra,
    Já não existe.

Que a historia inteira de um passado triste,
Que eu julgava immortal antes de ver-te,
     Já não existe,
Apenas hoje em goso se converte.

Que eu julgava immortal antes de ver-te,
O pranto que a memoria guarda a um canto,
E apenas hoje em goso se converte
     O antigo pranto.

O pranto que a memoria guarda a um canto,
Como o orvalho da flôr que o sol absorve,
     O antigo pranto
Fonte que as fontes d'alma avido sorve;

Como o orvalho da flôr que o sol absorve
Tal, á luz dos teus olhos, encantada,
Fonte que as fontes d'alma avido sorve,
     Tornou-se nada.

Tal á luz dos teus olhos, encantada,
Meu coração abriu-se, que tu viste
Tornou-se nada
A historia inteira de um passado triste.


Quando a Vi Morta
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)

A Rosalino Marques de Leão

Quando a vi morta, no caixão deitada,
Hirtos os braços na algidez da morte,
Faltou-me o ar e a luz, corri sem norte
Por vel-a aos meus extremos arrancada.

Porém voltei; beijei-lhe a face amada,
De flores cingi o estranho porte;
E á febre da loucura, n'um trasporte,
Vi-a sorrindo, para mim voltada.

Mas ah? fóra illusâo, inerte estava,
E o marmoroso pallor que transfigura
Já na face da morte se estampava.

Ella dormia ao sol da eternidade,
Eu, céga e triste, errava em noite escura,
Buscando a luz em plena escuridade.


Contraria, Contraris...
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)

Só eu, e mais ninguem, sei da tortura,
Da angustia horrível que o meu ser consome :
Onde encontrar allivio a desventura,
Encontrando uma força que me dome ?

()lho em torno de mim—é noute escura
E a cruel solidão sorri... Ouem tome
Este pezar não acho, oh! sepultura!
Chama-me o corpo, e nelle mata a fome.

A' venenosa, a torpe mancenilha
Que ella sugue-me a seiva, e depois cresça,
Se avolume no corpo e nas raizes.

Da morte a planta seja a maravilha:
Todo o amante infeliz nella conheça
Allivio eterno ás almas infelizes.


Estrophes
Carmen Freire (Baroneza de Mamanguape)

Ao Dr. Camargo

O mortal mais desgraçado
Tem uma hora de alegria,
E neste momento amado
Esquece o quanto soffria
O mortal mais desgraçado.

Quando geme o coração,
Ferido de intensa magoa
De saudade ou de paixão,
Os olhos se arrasam d'agua
Quando geme o coração.

Por vermos tudo tão feio,
Nosso viver tão medonho,
Abrimos o nosso seio
A' doce illusão, ao sonho,
Por vermos tudo tão feio.

O' fantasia! ó chimera!
Como adormeces o mal
Que em nosso caminho impera!
Consolas qualquer mortal,
O' fantasia! ó chimera!

Quando algum pezar me opprime
Fecho a razão e solto a alma,
Que ella em sonhos goze e rime,
Que os versos trazem-me a calma
Quando algum pezar me opprime.

Ditosa, ditosa a sorte
Que me doutou com uma lyra
P’ra que num triste transporte
Eu consolada profira:
— Ditosa, ditosa sorte!

Por entre os finos espinhos
Da estrada que pisa o poeta
Também ha lindos caminhos
De rosas, de violeta,
Por entre os finos espinhos.

E o amor de Deus é maior
Que todo o pezar da terra;
Se soffro em face da dôr
Vejo que a dôr não me aterra
Oue o amor de Deus é maior.

Eu verei minha alegria
Completa na feliz hora
Em que ficar hirta e fria,
Pois na morte que apavora
Eu verei minha alegria.

Quem sabe o que existe lá
Na habitação do mysterio ?
Quem sabe!? Certo não ha
Mais gozo que o gozo ethereo...
Quem sabe o que existe lá?


Créditos à obra:

Autor:  Mamanguape, Carmem Freire, baronesa de, 1855-1891  
Título:  Visões e Sombras 
Versão:  1. ed. 
Local de Publicação:  Rio de Janeiro : Casa Mont'Alverne 
Ano de Publicação:  1897 
Descrição Física:  xvii, 95 p. 
Idioma:  Português 
Descrição:  O livro é prefaciado por Guimarães Passos e Olavo Bilac. 
Direitos:  Domínio público 
Assunto: 
 Literatura brasileira - Séc. XIX  
Poesia - Séc. XIX - Brasil   

Assunto: 
 Brazilian literature - 19th century  
Brazilian Poetry - 19th century  

FONTE: 
Acervo da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin.
URI:  http://www.brasiliana.usp.br/bbd/handle/1918/01277800  

Tipo:  Livro 

2 comentários:


  1. Deixei meus olhos presos nesta tela
    De verso em verso, felizes, saltando
    Nesta poesia oitocentista e bela
    Que eles me foram lendo, e eu amando

    Plo português arcaico deslumbrado
    Ainda mais pela musa da poeta
    Fui descobrindo muito do seu fado
    Nas deixadas palavras da asceta

    Que minutos vividos, que fulgores
    Nas descritas venturas, nos amores
    Que da Marquesa li, basto encantado

    Valeu a pena, ah, que bem valeu
    Conhecer-lhe da verve o apogeu
    Que na Expressão Mulher vi revelado


    De resto, está votada à aristocracia
    esta actualização do nobre espaço;
    Se uma Marquesa ofusca em harmonia
    Um Principe nos deixa em embaraço
    Sem sabermos qual mais nos extasia.

    Parabéns, amigas Regina Coeli e Ilka Vieira; está brilhante esta actualização.
    Abraços do amigo Eugénio de Sá

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  2. Haja coragem pra mergulhar em Carmen Freire...
    Torna-se urgente a lucidez humana que lida com naturalidade sobre as naturezas da morte. Não há mais como fingir pra si mesmo que não se vai morrer um dia.
    GRANDE CARMEN FREIRE; MUITO BOA ESCOLHA DO EM!
    Abraços,
    Raquel Nonatto

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